O câncer de pulmão é um tumor maligno que atinge os tecidos pulmonares e brônquios. No mundo, o câncer de pulmão é o câncer com maior número de diagnósticos e o maior causador de mortes por câncer. No Brasil é o segundo câncer com maior mortalidade mas pode ter cura com o tratamento adequado.
Qual o médico que trata câncer de pulmão?
Nos casos iniciais, o tratamento é cirúrgico e feito por um cirurgião torácico.
O cirurgião torácico pode também orientar o rastreamento para câncer de pulmão e avaliar casos suspeitos.
Dr. Alberto Dela Vega é cirurgião torácico com 12 anos de experiência no tratamento cirúrgico do câncer de pulmão.
- Formado em Medicina Pela Faculdade de Medicina da USP
- Formação em cirurgia torácica pela USP
- Experiência em Cirurgia Torácica Oncológica
Principais fatores de risco
O principal fator de risco associado ao câncer de pulmão é o tabagismo, que pode aumentar o risco de câncer de pulmão de 10 a 35%. Em torno de 20% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em pessoas que nunca fumaram.
Outros fatores de risco:
- Tabagismo passivo
- Exposição a substâncias carcinogênicas como o amianto, radônio e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
- Poluição do ar
- Histórico familiar de câncer de pulmão e predisposição genética.
Classificação e Subtipos
O câncer de pulmão é classificado em dois tipos principais:
Carcinoma de células não pequenas (CCNP)
É o tipo mais comum de câncer de pulmão (mais de 84%) e apresenta vários subtipos, entre eles:
- Adenocarcinoma
- Carcinoma de células escamosas
- Carcinoma de grandes células
Carcinoma de células pequenas (CCP)
É o tipo mais agressivo de câncer de pulmão, altamente associado ao tabagismo e frequentemente diagnosticado já em estágios avançados.
Tumores carcinoides
Classificados em típicos e atípicos. Têm origem neuroendócrina e são de modo geral de comportamento mais indolente.
Sintomas
Vários sintomas podem surgir com o aparecimento do câncer de pulmão e podem variar bastante de pessoa para pessoa. Os sintomas mais frequentes incluem:
- Tosse persistente
- Falta de ar
- Dor no peito
- Perda de peso inexplicável
- Fadiga
- Tosse com sangue (hemoptise)
Importante lembrar que o câncer de pulmão pode não provocar sintomas. Geralmente os sintomas aparecem em tumores maiores, tumores em posição mais central no pulmão ou quando há invasão de órgãos ao redor.
Quando no início, com pequeno tamanho, geralmente não provocam sintomas.
Como descobrir se tenho câncer de pulmão?
Como para todos os cânceres, o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento eficaz.
O principal exame para o diagnóstico do câncer de pulmão é a tomografia de tórax. Achados de nódulos pulmonares são comuns em tomografias.
A depender dos achados da tomografia de tórax, pode ser necessária a realização de outros exame ou de uma biópsia da lesão.
O que é uma Biópsia?
Biópsia é a retirada de uma amostra da lesão para que seja realizado um exame anatomopatológico que definirá se a lesão é maligna ou não. Além disso, na maioria dos casos , é capaz de determinar o tipo e subtipo do câncer.
O método usado para realização da biópsia vai variar principalmente com a localização do tumor:
Biópsia percutânea guiada por tomografia: feita pela equipe de radiologia intervencionista, usa imagens de tomografia para guiar uma agulha até a lesão.
Broncoscopia: é a endoscopia das vias aéreas. Permite a retirada de material para biópsia através de pinças específicas. Pode ser combinada com a Ecobroncoscopia (EBUS) , que é um aparelho de broncoscopia e ultrassonografia , que permite biopsiar lesões que estão na proximidade das vias aéreas mais centrais.
Videotoracoscopia: Pode ser necessária uma cirurgia por vídeo para ressecção de parte do tumor para ter o diagnóstico.
O cirurgião torácico é um dos profissionais qualificados para definir qual o melhor método para biópsia.
Sempre é necessária uma biópsia antes da cirurgia?
Nem sempre. Quando a suspeita é muito grande e a depender da localização e das condições clínicas do paciente , pode ser necessária a retirada cirúrgica da lesão ante de uma biópsia.
Estadiamento:
É determinar até onde vai a doença; em outras palavras, determinar o estádio ou estágio da doença.
Para um correto estadiamento são necessários um conjunto de exames e procedimentos.
Exames que podem ser solicitados para o estadiamento:
- PET- CT: detecta as áreas do corpo com maior consumo de glicose. Como os tumores consomem muita glicose, esse exame é capaz de mostrar áreas suspeitas. Capaz de detectar metástase em linfonodos e órgãos à distância.
- Mediastinoscopia: procedimento cirúrgico com acesso pelo pescoço, usado para biopsiar linofonodos mediastinais (que ficam entre os pulmões) suspeitos nos exames de Imagem. Utiliza-se um aparelho específico para essa finalidade chamado mediastinoscópio.
- Ecobroncoscopia(EBUS): mesma finalidade que a mediastinoscopia mas com alcance diferente pois permite biopsiar linfonodos hilares e intra-pulmonares. Utiliza-se um aparelho especial de broncoscopia que possui um transdutor de ultrassonografia na sua ponta.
- Ressonância magnética de crânio: solicitada para avaliar se há metástases para o sistema nervoso central (SNC). PET-CT não é um bom exame para avaliar SNC.
Tratamento e Prognóstico
O tratamento do câncer de pulmão é altamente individualizado e depende principalmente do estágio da doença e do tipo histológico além das condições gerais do paciente e seus antecedentes patológicos.
As opções terapêuticas incluem:
Cirurgia
Inclui a resseção da lesão com uma margem de tecido pulmonar ao redor. Na maioria das vezes é necessária a retirada de um lobo pulmonar (Lobectomia pulmonar), ou de um segmento (Segmentectomia). Em casos de tumores maiores poder ser necessária a realização de uma pneumonectomia (retirada de todo o pulmão).
Quimioterapia
Indicada para casos avançados ou como complementação à cirurgia (antes ou após)
Radioterapia
Usada como tratamento em conjunto com a quimioterapia nos casos avançados. Podem ser usadas em casos iniciais e tumores pequenos quando o paciente não tem condições clínicas para ser submetido à cirurgia.
Imunoterapia
Podem ser usadas para complementar a cirurgia (neoadjuvância principalmente) e em casos avançados não cirúrgicos.
Terapias-alvo
Para tumores com mutações específicas, essas drogas também podem ser usadas para complementar a cirurgia (adjuvância principalmente) e tratamento de casos avançados.
O prognóstico varia consideravelmente com grande chance de cura nos estágios iniciais.
Cirurgia no Câncer de Pulmão
A cirurgia é o de tratamento de escolha para pacientes com câncer de pulmão, em estágios iniciais da doença. O acesso pode ser feito por técnica aberta ou por técnicas minimamente invasivas.
Técnica aberta consiste na realização na abertura da parede torácica no espaço entre uma costela e outra. Esse foi o acesso utilizado na maioria dos casos até o meio da década passada. Nos estados unidos desde 2015 as técnicas minimamente invasivas são mais utilizadas que a técnica aberta para tumores em estágios iniciais.
As técnicas minimamente invasivas consistem em tentar minimizar os danos aos tecidos saudáveis. Isso é possível através de equipamentos de vídeo e cirurgia robótica, que permitem ao cirurgião manipular a cavidade torácica através de incisões pequenas.
Para uso de técnicas mínmamente invasivas o cirurgião torácico deve ter treinamento específico.
Cirurgia torácica vídeo-assistida (VATS) ou acesso por videotoracoscopia
É uma técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões (normalmente de 1 a 3 incisões), um vídeo endoscópio e pinças apropriadas para manipular e dissecar as estruturas dentro da cavidade torácica.
Cirurgia Robótica
A cirurgia robótica tem ganhado destaque como uma abordagem minimamente invasiva. Essa técnica utiliza um robô que é controlado pelo cirurgião. A alta tecnologia do equipamento oferece ao cirurgião pinças muito delicadas que permitem movimentos precisos além de uma visualização através de imagem 3D de alta resolução.
Dr. Alberto em formação em cirurgia torácica robótica e atua em diversos hospitais da cidade onde esse tecnologia está disponível.
Segmentectomia e Lobectomia
A lobectomia, que é a retirada de um lobo do pulmão, até pouco tempo atrás era o tratamento preconizado para todos os pacientes com câncer de pulmão que tivessem condições clínicas de serem submetidos a essa cirurgia. Porém, nos últimos 2 anos, novos trabalhos foram publicados mostrando bons resultados com a segmentectomia que é uma cirurgia que retira menos tecido pulmonar. Em casos bens selecionados tem sido o tratamento de escolha.
Prevenção e Cuidados
A prevenção do câncer de pulmão é essencial e baseia-se principalmente na eliminação de fatores de risco modificáveis, como o tabagismo.
Cessação do tabagismo
Hábitos saudáveis
Visita ao médico periodicamente
Se tabagista ou ex-tabagista, perguntar ao médico se você é candidato ao rastreamento para o câncer de pulmão.
Câncer de pulmão tem cura?
Sim! Quando descoberto em estágios iniciais, há grande chance de cura. Muitos casos são curáveis só com cirurgia quando tratados no momento adequado.
É necessário fazer quimioterapia antes ou depois da cirurgia ?
Quando o tumor é pequeno , está restrito ao pulmão é é totalmente ressecado na cirurgia, não se faz necessário tratamento com quimioterapia ou radioterapia complementares. Com o desenvolvimento de novos medicamentes o uso de tratamento complementar tem mudado e também vai depender das características genéticas do tumor.
Conclusão
O câncer de pulmão, com sua alta prevalência e taxa de mortalidade, representa um dos maiores desafios na área da saúde pública de modo geral.
Este panorama exige uma abordagem que enfatize a prevenção, através da eliminação de fatores de risco como o tabagismo, e a promoção de estilos de vida saudáveis.
Além disso, a detecção precoce através de rastreamento e os avanços tecnológicos em diagnósticos e tratamento são importantíssimas para aumentar as chances de cura dessa doença.